A chegada dos espanhóis ao Peru, no século XVI, transformou drasticamente a vida dos nativos sul-americanos. Como disse o escritor uruguaio Eduardo Galeano: “Em 1492, os nativos descobriram que eram índios, descobriram que viviam na América, descobriram que estavam nus, descobriram que existia o pecado, descobriram que deviam obediência a um rei de outro mundo, a uma rainha de outro mundo e a um deus de outro céu.”
TRANS-INCA: SEM AR E SEM PONCHO NOS ANDES, vigésimo livro de Guilherme Cavallari e seu quarto título de literatura de aventura, narra uma travessia solo, de bicicleta, de Quito (capital do Equador), até Cusco (no Peru), toda pela Cordilheira dos Andes. Muito mais do que um diário de viagem, a obra é uma sequência de descobertas, surpresas, sustos e realizações. Um mergulho na história, na geografia e na cultura local. Com o passar dos séculos, desde a invasão europeia, os herdeiros dos incas se refugiaram nas montanhas e formaram uma resistência cultural que sobrevive até hoje. Língua, vestuário, culinária, música, dança, crenças e costumes sofreram as óbvias influências e sincretismos, mas preservaram seu caráter único. A longa viagem descrita no livro é uma pesquisa diletante e divertida sobre esse patrimônio histórico e cultural.
Segundo o autor, “essa foi a expedição fisicamente mais exigente da minha vida”. A viagem durou cinco meses e um dia. O aventureiro e escritor pedalou 3.644 km em 84 dias, acumulou mais de 83 mil metros em subidas e quase 79 mil metros em descidas. Teve diversos problemas de saúde e passou alguns sustos de arrepiar. O resultado final, descrito no livro, é uma mescla de aventura, literatura, história e filosofia de vida como já é de praxe nos livros de Guilherme Cavallari.